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Foto do escritorBruno Ferolla

Coriorretinopatia Serosa Central

O que é Coriorretinopatia Serosa Central?



A coriorretinopatia serosa central (CSC) é uma doença que, na maioria das vezes, é idiopática (acontece sem uma razão aparente) e que acomete a mácula. A mácula é uma região da retina que tem apenas 5mm, aproximadamente, porém é responsável por nossa visão central, visão de cores e percepção de detalhes.

Epidemiologia:

A Coriorretinopatia Serosa Central (CSC) é a quarta patologia retiniana mais comum após a degeneração macular relacionada a idade (DMRI), retinopatia diabética e oclusão venosa retiniana. Ela ocorre principalmente em homens (3 a 6 vezes mais comum em homens do que em mulheres), geralmente entre 20-50 anos de idade.

Causas / Etiologia:

Os principais fatores de risco para a doença são: personalidade tipo A (pessoas mais estressadas, impacientes e perfeccionistas), uso de corticosteróide sistêmico, gravidez e síndrome de Cushing endógeno. O mecanismo fisiopatológico da doença ainda não foi totalmente elucidado, mas acredita-se que seja multifatorial e envolva fatores exógenos e endógenos que aumentem a permeabilidade dos capilares coroidianos que, em associação com a disfunção do epitélio pigmentado da retina, cause o descolamento neurossensorial da retina. Descolamento do epitélio pigmentado da retina de tamanho variável também pode ocorrer, sendo único ou múltiplo.

Sintomas:

A CSC se apresenta com perda ou distorção da visão central (metamorfopsia), percepção de objetos em tamanho menores do que realmente são (micropsia) e/ou redução da sensibilidade ao contraste e saturação de cores de forma aguda ou subaguda. O curso natural da doença é geralmente autolimitado e a resolução espontânea e reabsorção completa do fluído podem ocorrer. A maioria dos casos agudos se resolvem dentro de 2 a 3 meses e são episódios únicos. O prognóstico visual é bom em 90-95% dos casos e a acuidade visual retorna ao normal em poucos meses uma vez que o fluído tenha sido resolvido. Uma recuperação incompleta pode estar associada com idade avançada, múltiplas recorrências, descolamento de retina neurossensorial persistente ou descolamento de epitélio pigmentado da retina. Recorrência pode ocorrer em cerca de 30 a 50% dos pacientes dentro de 12 meses e pode ser resolvida espontaneamente ou se tornar crônica. A forma crônica ocorre em cerca de 5% dos pacientes. A definição de cronicidade se baseia no critério temporal (duração do descolamento de retina seroso) e na extensão de alterações do epitélio pigmentado da retina. A duração da doença para ser considerada crônica varia entre estudos, sendo considerada em média de 3 a 6 meses. Nesses casos, a persistência do descolamento de retina seroso associada a descompensação progressiva do epitélio pigmentado da retina levam a deterioração da acuidade visual. Podem ocorrer complicações no curso da doença como neovascularização de coróide, edema macular cistóide, depósitos de lipídeos subretinianos e atrofia coriocapilar.

Diagnóstico:

O diagnóstico da CSC inicia-se com o exame clínico que envolve: acuidade visual, mapeamento de retina (onde observa-se descolamento de retina central) e Tela de Amsler (tabela que revela distorção da visão central). A confirmação do diagnóstico pode ser feita com:

• Tomografia de Coerência Óptica (OCT): descolamento de retina seroso central convexo, bem delimitado, associado ou não a descolamento de epitélio pigmentado da retina seroso. Geralmente apresenta espessamento de coróide associado. Anormalidades do epitélio pigmentado da retina, fluído subretiniano persistente e alterações na camada de fotorreceptores podem ocorrer na forma crônica.

• Angiofluoresceinografia e angiografia com indocianina verde (ICG): permite a observação do vazamento de fluído dos vasos coroideanos e invasão do espaço subretiniano. Angiofluoresceinografia revela vazamento de fluoresceína que preenchem o descolamento seroso de retina no padrão clássico em “fumaça de chaminé”. ICG revela atraso e hipermeabilidade da circulação da coróide.

• Angiotomografia de coerência óptica (OCTA): revela áreas de hipo ou hiperperfusão da coriocapilar e detecta neovascularização de coróide, mesmo na ausência de atividade exsudativa.

Tratamento:

Com a evolução das técnicas multimodais de imagem, o entendimento sobre a fisiopatologia e o diagnóstico da coriorretinopatia serosa central tem se redefinido gradualmente, gerando uma revolução no tratamento desta condição.

O prognóstico nos casos agudos é geralmente bom. O acompanhamento e tranquilização do paciente é a principal conduta, uma vez que a maioria dos pacientes se recuperam espontaneamente dentro de 3-4 meses. Mudança de estilo de vida para pacientes com personalidade tipo A e descontinuação de corticóides exógenos são fatores coadjuvantes nessa etapa.

Laser: Em casos crônicos ou recorrentes, pode haver benefício do tratamento com fotocoagulação a laser em locais próximos a vazamentos focais do epitélio pigmentado e da terapia fotodinâmica (PDT) aplicado em áreas de hipermeabilidade coroidiana. A terapia com Laser Micropulse Sublimiar (SML) tem sido usado como alternativa nos casos que acometem a fóvea.

Diversos outros tratamentos para a forma aguda e crônica estão sendo estudados. A injeção intra vítrea de anti-VEGF (grupo de drogas que reduzem a permeabilidade coroidiana bloqueando o vazamento vascular) tem mostrado resultados favoráveis no tratamento da doença. Drogas orais como: acetazolamida e outros diuréticos, antagonistas mineralocorticóides (espironolactona), 5-alfa redutase (finasterida), aspirina, beta-bloqueadores, vitaminas e antiinflamatórios não esteroidais estão sendo estudados.

A coriorretinopatia serosa central é uma doença enigmática e ainda não completamente entendida devido a sua etiologia multifatorial, patogênese complexa e associações sistêmicas. Uma avaliação completa e detalhada é muito importante para o seguimento dos pacientes.

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